Chorei, Chorão.

A vida é feita de atitudes nem sempre descentes, não lhe julgam pela razão, mas pelos seus antecedentes. Ouvi dizer que só era triste quem queria.

Umas das minhas letras preferidas, reflete bem minha opinião sobre tudo o que tem acontecido desde a notícia da morte de Alexandre Magno Abrão (Chorão).

Pode ser que não tenha tido uma conduta das melhores, as bebidas alcoólicas e o estado em que foi encontrado o apartamento levam todos a julgar a causa da morte como overdose por alto consumo de drogas, depressão, etc.

As críticas, especulações, e todos os comentários que vi durante o dia de hoje, não afetam em nada a imagem do grande músico, poeta, e ser humano que foi Chorão.

Os seus antecedentes, com certeza fazem dele um ícone eterno da música brasileira.

Não vejo uma atitude ridícula sentir, lamentar, expressar a grande perda que é pra o cenário da música nacional, do rock brasileiro a morte de Chorão. Rídiculo, hipócrita e enojado é ver como os jovens e adolescentes de hoje são falhos em caráter e falsos ao declarar #lutoeterno em redes sociais por alguém que não significou nada em suas vidas além do prefácio ao seriado “Malhação”. É horripilante e incômodo de repente ver tanta gente postando trechos de músicas e frases do cara, cantando na raça mesmo apenas o que tocava na TV e estava no TOP 10 das rádios.

É como Beatles, Michael Jackson, Legião Urbana, e tantos outros. Abre-se o circo. Cds e Dvds a alto custo, muitos “fãs”, muita “declaração de amor”, muito “luto”, pouca verdade.

Falta atitude, falta personalidade, falta gente de verdade nos dias de hoje. Falta gente com coragem pra dar a cara a tapa e expressar opinião de forma simples e sincera como fazia Chorão, muito mais que um “letrista e cantor” do Charlie Brown Jr. Um verdadeiro poeta, um formador de opinião.

Só sabe como é triste o dia de hoje quem conhece as raízes, a essência do que é o CBJR, o que diz cada letra, como cada música e álbum expressa a realidade da banda. Quem sabe apenas o que ouviu na rádio ou viu na TV, não vai entender o que foi 2005 com “Imunidade Musical”, tampouco a alegria e orgulho que foi 2009 com “Camisa 10”. Todos os gramy’s, as homenagens, idas e vindas, palavrões, brigas e reconciliações em todos esses anos de CBJR, resumidos em muito rock, protesto, skate, música boa, música de verdade.

Conheci Charlie Brown aos 11 anos, me encantei ao ouvir “Não uso sapato” e daí pra frente não abandonei mais a causa. Meu primeiro perfil em rede social tinha por codinome “tamycbjr”, o último (este aqui) tem o nome de uma das músicas do penúltimo cd. Mas nunca me considerei fã, desses de ter camiseta, ir a show (por falta de oportunidade), ter todos os CDs e um quarto cheio de pôster. Tive sempre uma profunda admiração, uma afinidade incomum com as músicas, com a história, com a banda.

Hoje chorei por Chorão, chorei com Champignon, chorei com a família, chorei com os fãs (os de verdade), chorei por perceber que a vida passa tão rápido, a correria do dia-a-dia nos impede por tantas vezes de parar um pouco e construir “pontes indestrutíveis” com amor, solidariedade, respeito, dignidade, fé em Deus, e honestidade, sempre.

Nunca buscando perfeição, imperfeito como qualquer um de nós, Chorão deixa aqui sua história de vida, deixa sua musica, sua arte, sua personalidade, seu trabalho que foi além da música, dos palcos. Foi pra rua, foi pra os meninos de Santos que saíram das ruas pra pista de skate, que encontraram por ali um horizonte a mais pra seguir.

Fica a lembrança, a saudade, e um lindo acervo deixado por um dos maiores poetas que essa geração já teve.

Escute o que diz a sua alma
Leve a vida com um pouco mais de calma
Deixe que o instinto mais puro te mostre o caminho
Quem tem fé sabe que não está sozinho
Que não está sozinho
Você não está sozinho
Ponha fé no seu caminho

Quando seus olhos refletem o pôr-do-sol
É quando você para pra ver e apreciar o universo
Quando seus olhos refletem o pôr-do-sol
É quando você para pra refletir sobre o que é certo

O melhor da vida
É a sensação de paz e amor
O melhor da vida
Um dia só pra vadiar

Simplicidade traz conceito, pura coletividade
Eu represento a minha cidade com responsa e orgulho sim
Heroi eu nunca fui, mas eu nunca vacilei
Se nunca vacilei não é agora que vai ser

Cansado de esperar, eu fui e fiz acontecer
De vagabundo a gerador de empregos, pode crer
Pode crer que é assim que tem que ser
Pra nossa vida melhorar o povo tem que parar de sofrer

Obstinação e o pensamento forte
É essa a base de um guerreiro de estilo nobre
Eu digo paz e evolução para o meu povo pobre
O pensamento coletivo que aqui explode

Filho de guerreiro, a família vem primeiro
A rua me educou e me formou um verdadeiro
Eu vou que vou, vou com fé, vou com determinação
Sangue nos olhos no caminho da evolução

O melhor da vida
É a sensação de paz e amor.

Paz Alexandre!

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