Por volta das 09:00 ele chegou da rua, sentou à mesa e começou a cantarolar uma canção.
Não sabia o nome, quem cantava, ou qualquer trecho maior que “colher e plantar”.
Disse que tinha escutado no rádio e esqueceu de anotar um trecho no bloquinho que sempre carregava no bolso da camisa.
Ali estava minha missão, segundo ele: encontrar a tal música. Sabia que era samba, então comecei a deduzir Péricles, Martinho da Vila (que ele amava!), Thiaguinho, Zeca, e sempre tendo negativas.
Lembro de pedir pra ele tentar cantarolar alguma coisa, ou mais alguma frase da qual lembrasse, e aí veio “manda essa tristeza embora, sua hora vai chegar”.
Bingo!
Ativei minha memória musical e cheguei em Xande de Pilares e a canção “Tá escrito”. Já baixei no celular e mostrei no YouTube. Como de costume, por algumas semanas foi só o que se ouvia.
E que letra maravilhosa.
Que melodia animadora.
Que canção de fé e esperança.
Compartilhávamos tantas canções, tantos momentos, tanta coisa, e quanta coisa linda ele deixou em mim!
Como essa canção, que hoje escuto como se fosse ele me falando para não desanimar, ter fé e continuar sorrindo.
Ele cultivou a semente do amor, colheu fé, esperança, gratidão, e muito mais amor.
O dia raiou.
A hora chegou.
A canção ficou.