outro dia me indagaram se não seria esse o momento em que eu escreveria mais, afinal é uma experiência singular, não deveria faltar inspiração.
e não falta, sobra.
já te escrevi tantos textos na minha cabecinha, já te falei tanto de tudo o que sinto, de como eu te sinto e te percebo, de tudo o que você já é pra mim e do quanto eu tenho aprendido sobre mim mesma desde você.
talvez eu não tenha nascido mãe quando te descobri, e talvez eu nem tenha entendido direito esse lance de ser ainda, você chegou tão de mansinho, sem fazer alarde e nem me trazer as famosas sensações dos primeiros meses, que as vezes nem parecia que era real.
você ainda nem veio pro lado de cá e eu já fiz tanto por sua causa, já renunciei tantas coisas, já planejei e desfiz tantos momentos, já pensei em várias possibilidades por causa de você, e quando eu paro e escrevo isso, eu vejo que ser mãe não é necessariamente expor e gritar aos quatros cantos que tem alguém aqui.
e tudo bem.
cada um sente de um jeito.
ninguém é menos por não ser tanto.
não falta inspiração e amor por não existir escrita.
tá tudo aqui dentro e é tão nosso que só a gente sabe, e entende, e sente.
29/01/2020