Verão, 2012
Hoje, quis fazer como outrora, me embriagar com um bom vinho, me encher de coragem, lhe procurar e cuspir na sua cara tudo o que tenho engolido a seco, às vezes por medo de te perder, magoar, ou comprovar que não sou tão boa quanto pensas. Iria contar de todas as vezes que pensei em te deixar e não tive coragem, do quanto meus medos superam os seus às vezes, mas não demonstro porque um de nós tem que ser forte. Contaria de quantas vezes te ouvi falar dos seus problemas calada, como uma boa psicóloga enquanto o mundo caía sobre mim bem ali na sua frente e você não percebia, eu simplesmente tentava segurar ali meu mundo e o seu. Falaria de como é difícil olhar para mim disposta a abrir mão de um mundo, enquanto você simplesmente tenta encaixar o seu. Poderia ainda citar o dia em que pensei em lhe deixar no banco da praça por perceber que eu poderia viver por nós enquanto você, apenas por si próprio. Gritaria como me dói ver em seus olhos e sentir no seu toque o medo de perder e não fazer nada pra impedir isso. Pediria para que você me dissesse simplesmente que não consegue pensar em nada que não sejam seus planos, suas metas, seus objetivos particulares ao invés de usar de argumentos inúteis que não defendem sua tese e muito menos lhe ajudam em alguma coisa.
E pela primeira vez eu não saberia qual sua reação, o que esperar de você diante dessa situação.
Imprevisível. Impensado. Improvável. Instável. E todos “is” que eu pudesse usar pra descrever.
Talvez você não entenda, é que assim como os “ogros” amam, os “pacientes” cansam. A espera é desgastante, porém ensina muito; é insuportável, mas aperfeiçoa; é ideal algumas vezes, mas na maioria delas, cansa.
Não é que hoje eu esteja tão segura de mim a ponto de afirmar ser muito boa em viver sem você, é que já não tenho mais opções disponíveis com as quais trabalhar. E o que mais me cansa é tentar lhe convencer de certas coisas, lhe fazer enxergar outras de um modo diferente, lhe ouvir me pedindo pra pensar no impossível, saber que a qualquer momento seremos duas ruas vazias, vazias e paralelas.
E saber que “eu tenho você sempre aqui, do lado esquerdo do meu peito” não me faz ter a certeza de que é aqui o seu lugar, ou ainda, que é aqui onde você pretender ficar. No fim, seria como a mais idiota das minhas canções: ” das coisas que gosto, você é a que eu menos gosto de gostar”.
E no fim, como sempre, continuo não fazendo sentido